quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

ESTUDO - O Drama de Absalão (Parte I).

ESTUDO - O Drama de Absalão (Parte I).

O Drama de Absalão (Parte I).
Mal 4:6 e II Sam 13-18

Introdução

Nos últimos anos, tem-se falado muito, em nosso meio, sobre quebra de maldições, sobretudo, quebra de maldição dos antepassados: pactos, convênios, vínculos que nossos avós, bisavós, pais ou aqueles que nos criaram, ou aqueles que formularam a cultura da nossa família e da nossa casa firmaram, os quais geraram e gestaram a ambiência familiar em função da qual somos criados.
Certamente, esses pactos, muitas vezes, estão impregnados de cargas malignas, de informações malignas, de espíritos malignos e de compreensões malignas das quais precisamos ver-nos livres. São cargas que, as vezes, nos acompanham a mente, que se enraízam até em nosso subconsciente, as quais são responsáveis pelos estímulos e pelas respostas erradas que damos a vida e também por outras coisas que tantas vezes costumam nos acompanhar sem que percebamos.
Acredito que há aspectos seríssimos dessa preocupação relacionados ao desejo de nos vermos livres de todas essas cargas e condicionamentos malignos, de toda cultura e influência demoníacas vindas do passado, que traspassaram nossas famílias. Precisamos discernir essas coisas para nos ver livre delas.
Eu me preocupo, todavia, com o fato de que não tem havido a mesma preocupação, nem a mesma atenção em relação àquelas que não são as maldições de ontem, aquelas que não são as maldições do passado, as quais não têm nada a ver com o vovô, com a vovó, com o tio, com o pai ou com a mãe. Refiro-me, porém, as maldições de hoje.
Aquelas que têm a ver com você; que não tem a ver com a cultura dos seus antepassados, mas com a cultura que você está criando dentro de casa; que tem a ver com a sua total responsabilidade; aquelas que repousam exclusivamente sobre os seus ombros. Você é a pessoa absolutamente responsável por discerni-las por percebê-las e por impedir que elas cresçam, espalhem-se e se enraízem dentro da sua própria vida.
Nesse sentido, eu acredito que Davi e seu filho Absalão constituem o melhor e o mais trágico exemplo de um pai e de um filho que não conseguiram, a seu tempo e na hora apropriada, discernir algo extremamente maligno que começava a crescer entre eles; raízes de morte, de amargura, de ódio, de destruição, as quais haveriam de abalar radicalmente suas vidas e infelicitá-los para sempre.
Em Malaquias 4:6, lemos o seguinte: “Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos aos pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição.”.
Esse texto nos fala que é condição absolutamente imprescindível para que maldições na família sejam canceladas não apenas que você ore repreendendo-as; não apenas que você discirna o que houve no passado. No entanto, diz-nos a Palavra de Deus que é absolutamente importante, quanto ao cancelamento dessas maldições, que o coração do pai se converta ao seu filho; que o coração do filho se converta a seu pai; que o coração do marido se converta a mulher; que o coração da mãe se converta a filha que o coração da filha se converta a mãe.
Se não houver essa quebra de ódios, de amargura, gerando, por consequência, reconciliação, encontro, abraço, choro, perdão, expiação; se a cruz de Cristo não for erguida no meio, no centro dos seus vínculos familiares mais íntimos, mais profundos; se a cruz não for erguida na sua sala, no seu quarto, na sua cozinha ou dentro do armário de seus filhos; se a cruz não for erguida nas gavetas íntimas, fechadas, lacradas, enclausuradas, cheias de amarguras guardadas; se a cruz, enfim, não for erguida dentro de sua casa, esteja certo de que você será ferido com maldição: maldição do ódio, que traz destruição que minam a vida e arruínam a existência de qualquer pessoa.
Eu quero convidar você a olhar comigo a vida de Davi e a vida de Absalão, a partir do capítulo 13 de II Samuel até o capítulo 18 deste mesmo livro.
Boas intenções não são suficientes para evitar a maldição familiar.

1. Davi era Um Homem de Ação.

Inicialmente, deve-se considerar que Davi era um homem de ação como muitos de nós, homens e mulheres do século XX: gente que decide, gente que negocia, gente que não tem tempo a perder, que administra muitas coisas a um só tempo. Davi era assim. Ele tinha um reino para administrar.
A sua vida era ocupadíssima, porquanto era um homem de ação, de lutas, de decisões, de desafios, de muitas emoções e de muito estresse. Quando se lê o livro de Salmos, especialmente aqueles compostos por Davi, descobre-se o quão estressado ele era.
Você que me lê sabe exatamente do que estamos tratando, uma vez que há muitas pessoas que nos cercam que passam pela via estreita de uma existência ocupada, cheia de ação e de emoções. Talvez, você mesmo, neste momento, está se identificando com uma delas ou quem sabe com Davi, este personagem tão longínquo temporalmente, mas tão próximo de nós existencialmente.

2. Davi era Um Pai Bem-Intencionado.

Impressionam-me as boas intenções dele como pai. Pode-se discerni-las através de alguns nomes que ele colocou nos seus filhos, isto porque, na antiguidade, os nomes eram mais dotados de significados do que hoje em dia. Naquele tempo, o nome revelava muito as intenções e as expectativas que os pais tinham em relação aos filhos; os nomes não eram apenas escolhidos por estarem na moda ou por, sonoramente, produzirem um efeito agradável. Davi, esperava muitas coisas boas de seus filhos e ele as traduz por meio dos nomes que lhes dá. Vejamos:
Adonias- “aquele que pertence a Adonai, ao Senhor”.
Note que ele tem um filho e diz por meio do nome que lhe dá: Este é de Deus.
Jededias (Amado do Senhor) ou Salomão - que significa “pacífico”.
Absalão ou Ab-Shalom - “que significa o pai da paz”.

Imagine por exemplo, o que Davi tinha em mente quando, vendo o pequeno bebê, chamou-o de Abshalom. Quanta esperança de que muitas realizações acontecessem na vida daquela criança e por meio dela! Quem sabe Davi imaginou que Absalão poderia vir a ser seu sucessor, o pacificador do país, o agregador de Israel, o homem forte no qual a graça e a unção de Deus repousariam?
Ninguém põe um nome assim num filho imaginando que um dia, este mesmo filho, irá traí-lo, gerando um golpe de estado, a fim de destronar o próprio pai do poder. Ninguém põe um nome assim, num filho, sabendo que este trará a vergonha nacional e a desgraça ao seu pai.

Quem são Seus Filhos?

Davi gerou filhos e sonhou o melhor para eles e os colocou diante de Deus com o melhor de suas expectativas. Agora, em nome de Jesus, preste atenção a isso: conquanto Davi fosse um pai que sonhasse com o bem dos filhos, ele, no entanto:

3. Não era Capaz de Transformar Suas Intenções em Investimento de Vida, na Existência dos Filhos. Sonhou o melhor Sonho, Desejou o melhor Desejo, Porém, Não foi Capaz de Investir Vida na Vida dos Filhos. Por Quê?

3.1. Talvez porque estivesse ocupado demais

Do ponto de vista humano, muitas coisas poderiam justificá-lo: tanta gente, tanta demanda, tantas solicitações, tantos requerimentos que dependiam de sua aprovação e atenção.

3.2. Talvez porque tivesse filhos demais

Com dar atenção a todos? Como separar tempo para todos? Como ouvir queixa de todos? Como brindar com todos? Ninguém consegue ser pai para 50 filhos, nem para 30 e nem para os mais de 20 que Davi teve com suas mulheres e concubinas (II Sam 3:2-5; 5:13-16).

3.3. Talvez porque estivesse ausente demais

Talvez porque seus filhos só o encontrassem em ocasiões ou eventos importantes. Talvez porque não houvesse vida, convívio, intimidade entre eles. Talvez porque tudo que houvesse entre eles fosse aquela reverência, aquele respeito tremendo, mas que nunca ia além disso; que nunca se transformou em segredo, em cochicho, em brincadeira no campo, em banalidade, em presença simples, desguarnecida, aberta, despretenciosa, apenas presença para estar junto, para ser.
Não adianta você ter os sonhos que tem, nem apenas fazer as orações que faz, nem apenas guardar e juntar dinheiro para o bem de seus filhos. Absalão tinha dinheiro, castelo, casas, prestígio. Absalão era bonito e a Bíblia nos diz (II Sm 14:25) que ele era o homem mais bonito daquela geração: fascinante, charmoso, porte bonito, cabelo bonito.
A propósito desta última característica, Absalão tinha um cabelo invejável. Naquela época, era costume untar óleo sobre os cabelos com pó de ouro, para brilharem ao sol e, vaidoso como era, Absalão certamente se utilizava muito desse recurso estético, de modo que, a cada ano, quando cortava o cabelo, segundo o costume da época, este tinha um peso e valor considerável.
Absalão tinha tudo! Mas, só o que ele queria era um pai. Não era um rei que Absalão queria, mas um pai. Não era um homem poderoso de que Absalão precisava, mas de um pai. Não era de um general invencível de que Absalão carecia, mas de um pai. Não era de um homem que resolvia os problemas do mundo de que Absalão necessitava, mas de um pai que fosse capaz de ouvir uma angústia do filho. Talvez você nunca tenha parado para pensar no drama de Absalão, mas preste atenção a esta história, pois ela reflete a realidade das muitas relações familiares e pode ter a ver com você e sua família.

A História de Davi e Absalão

As principais áreas de fraqueza de Davi são claramente percebidas na sua relação com seus filhos. Conquanto fosse um homem de oração e cheio de boas intenções, ele era fraco na condução de sua casa. Davi se caracteriza por ser um pai omisso e será a omissão a porta de entrada da desgraça na vida deste grande homem e de seu filho Absalão. Isto porque a tragédia começa a se configurar, a se desenhar, a se delinear no dia em que Amnom, o primogênito de Davi, apaixona-se por uma de suas irmãs (II Sm 13:1-14), por parte de pai, a qual era irmã de Absalão, filho de Davi com Maaca (IISm 3:3), uma estrangeira procedente de Gesur.
Diz-nos a Bíblia que aquela moça, cujo nome era Tamar, era muito bonita, graciosa, formosa e encantadora (II Sm 13:2, 3). Ele a cobiçou e a desejou tão ardentemente que concebeu um plano; a fim de possuí-la, fingiu-se de doente - a conselho de um amigo (II Sm 13:5) - e pediu a Davi, seu pai, que Tamar lhe fosse servir comida, uma vez que estava num leito de enfermidade (II Sm 13:6). O pai assim o permitiu (II Sm 13:7).
Tamar foi até a casa do irmão, Amnom pula do leito, avança contra ela, estuprando-a, possuindo-a e humilhando-a (II Sm 13:11-14). Depois, Amnom sente náuseas, sente asco. Diz-nos a Bíblia que o repúdio que ele sentiu por Tamar, após possuí-la, foi mais forte que o desejo de um dia tê-la (II Sm 13:15).
A corte ficou sabendo do escândalo. O país ficou sabendo do escândalo. O rei ficou sabendo do escândalo, mas não fez nada. Absalão, irmão de Tamar, esperou que o pai fizesse alguma coisa, uma vez que, conforme Levítico 18:9 e 29, tal ato teria como penalidade necessária, a morte de quem o praticou. Mas Davi nada fez. Então, Absalão a chamou para morar consigo (II Sm 13:20).

A irmã morou com ele por dois anos, durante os quais ele esperou, dia após dia, que o pai chamasse a filha para um beijo, um abraço, um aconchego e que o pai chamasse Amnom para uma confrontação. Porém, nada disso foi feito.
Para além de tudo isso, havia ainda uma agravante: Amnom era o primogênito do rei, por conseguinte, o futuro herdeiro do trono, fato este que se tornava um fator complicador de toda aquela situação. Depois de 2 anos, Absalão não aguentou mais esperar. O diabo encheu-lhe o coração de ódio. Ele começou a planejar a morte do irmão (II Sm 13:23-27). Por ocasião da festa da tosquia, Absalão procura o pai e lhe diz: “Eu queria que tu permitisses que meu irmão Amnom fosse ao campo caçar comigo.”.
Davi, sabendo que havia algo de muito maligno naquilo tudo, respondeu-lhe:
“Mas por que, meu filho? Por que apenas Amnom? Por que tu não levas a todos os teus irmãos juntos para essa caçada?”
Absalão atende ao pedido do pai e leva a todos os irmãos. Chegando lá, Absalão dá ordens a seus servos para que matem a Amnom, quando este estivesse bêbado, a fim de não oferecer resistência alguma. Assim é feito. Note que Amnom estava tão seguro de que nada lhe iria acontecer, que nem ao menos desconfiou do irmão. Para ele – Amnom - se o rei, seu pai, não lhe havia feito nada, com relação ao incidente ocorrido entre ele e sua irmã Tamar, ninguém mais poderia fazê-lo.
O rei Davi se enfurece, fica cheio de ódio. Absalão foge, indo morar na casa de Talmai, seu avô (IISm 13:37; 3:33), pai de sua mãe, em um reino vizinho. Lá fica durante 3 anos (IISm 13:38), durante os quais nada é feito. Davi não chama o filho, não encara o filho, não confronta o filho, não trata do problema.
Absalão manda um recado através de Joabe, um alto assessor do pai, dizendo: Assim não dá!
Davi manda chamar o filho para que volte a Jerusalém. Vai morar a 2 km da casa do pai (II Sm 14:21-24). Passam a ser vizinhos, mas outra vez, 2 anos passam e Davi não manda chamar o filho. Depois desses 2 anos, Absalão não aguenta mais, chama Joabe e lhe diz: “Diga ao rei que me mate, mas que me veja o rosto”.
Davi ao saber disso, ordena: “Chamem o garoto”.
Logo em seguida, vem o rapaz. Todos esperam que Davi o sacuda e lhe diga: “o que foi que houve? Você é meu filho, é minha carne! Como é que você faz isso, filho”?
Entretanto, nada disso acontece. Absalão entra e Davi simplesmente lhe diz que se aproxime e lhe beija o rosto e não diz nada (II Sm 14:33). Um estupro, uma morte, ódio, amargura, crise e Davi pensa que pode resolver isso tudo com um beijinho. A Palavra de Deus nos diz, no início do capítulo 15 de II Samuel, que dessa ocasião em diante, após falar com o rei, Absalão sai do palácio, vai para as ruas e inicia uma subversão (II Sm 15:1-6). Começa a dizer: “Não há justiça na terra! Não há rei reinando! Não há critérios pelos quais esse povo venha a ser julgado! O que está prevalecendo é apenas a emocionalidade do rei. Se eu fosse rei, haveria justiça na terra”.
Absalão prepara uma revolta armada. Ele é declarado rei sobre Hebrom (II Sm 15:10-13). Aproxima-se de Jerusalém para cercá-la e tomá-la. Davi é aconselhado a fugir com seus súditos, indo para o deserto, porém deixando alguns de seus homens de confiança, a fim de se infiltrarem na corte de Absalão que acabam dando-lhe um conselho desastroso, e ele segue esse conselho e os seus exércitos são destruídos nos vales e nas campinas de Hebrom.
Absalão, então, bate em retirada, fugindo por entre os bosques. A ordem de Davi, o rei, era a seguinte: ”Fazei qualquer coisa, mas não tocai no moço Absalão. Poupai o jovem Absalão”.
Joabe, porém, não suportava mais. Ele estava cheio de ódio pelo filho do rei. E quando da fuga de Absalão por entre os bosques, seus cabelos longos ficam presos por arbustos, ele se desprende do seu cavalo, ficando pendurado pela cabeça. Joabe, descobrindo-lhe o paradeiro, aproxima-se de Absalão e o executa. (II Sm 18:9 e 14).

A insurreição é vencida, a vitória é comemorada e Davi está novamente no poder. As notícias da guerra chegam ao rei. E este pergunta: ”Como está o jovem Absalão?” Alguém responde: Ele foi ferido e está morto.
A Bíblia nos diz (II Sm 18:33) que Davi rasga as suas roupas, cai por terra e lamenta, e grune, e geme: ”Abshalom, meu filho Abshalom!...Abshalom!...Abshalom!...Meu filho, Abshalom!..”
O tempo de dizer “meu filho” havia acabado: Absalão estava morto e a tragédia consumada.
Pode-se perceber, nesse episódio, o desespero de Davi. Ele jamais desejaria que as coisas tivessem tomado aquele rumo; seus sonhos desmoronaram, sem mais nenhuma esperança de reconstrução. Às vezes, perdemos muito tempo para entender que precisamos dizer: “Meu filho, minha filha, eu estou aqui, volte para casa. Estou de braços abertos, esperando-o. Quero ser seu amigo; quero ajudá-lo; quero lhe pedir perdão”.
Às vezes, agimos como Davi: só exteriorizamos este sentimentos e palavras quando já é tarde demais. Este Davi descrito até aqui não é alguém a quem eu queria imitar. Ele tem o coração segundo o coração de Deus? Tem, porque é capaz de dar respostas de quebrantamento a Deus nos momentos apropriados. Mas, conquanto tenha um coração segundo o coração de Deus, ele não consegue transformar essa intimidade com Deus, depois de um dado momento na sua vida, num projeto de vida sadia que abençoe toda a sua casa.

O que Podemos Aprender com o Drama de Absalão

1. Davi Transferia Responsabilidades Intransferíveis.

Isto é algo interessante, que acontece com homens e mulheres ocupados diuturnamente, com suas atividades profissionais. Homens e mulheres que estão acostumados a assumir responsabilidades. Homens e mulheres muito ocupados do lado de fora de casa acabam, sutilmente, transferindo responsabilidades intransferíveis para outros, dentro de casa.

1.1. Primeiramente, Davi transferiu a responsabilidade de apaziguar o coração de Absalão para os filhos:
“Pai, deixa eu levar Amnom comigo para a caçada” - Pede Absalão. “Não, filho, não. Leve todos os seus irmãos.” - Responde Davi.
A Palavra de Deus nos diz que todos em Israel já sabiam do desejo de Absalão de matar Amnom (II Sm 13:32). Davi sabia; todos sabiam que havia ódio no coração de Absalão. Entretanto Davi não enfrenta o problema; ele usa os filhos como escudo. “Bom, quem sabe se toda a garotada estiver junta, isso não vai acontece”. Poderia pensar Davi.

1.2. Depois, ele transfere a responsabilidade do tratamento da alma de Absalão para o sogro.
Para lá vai Absalão refugiar-se após ter morto o irmão. Ficar 3 anos lá, na casa do avô. Acerca deste período de tempo, a Bíblia nos diz que Davi perseguiu a Absalão (II Sm 13:39), sem, no entanto, querer realmente encontrá-lo, pois se assim o quisesse, não haveria dificuldades para fazer isso.
Davi talvez pensasse que o sogro fosse mudar o coração do neto, porém o próprio sogro não gostava muito dele - Davi- porque sua filha que casara com o rei, nunca tivera um espaço na realeza que ele gostaria que ela ocupasse. Absalão caiu nas mãos do avô errado, que encheu-lhe o coração de mais ódio, de mais amargura, de mais antipatia e de mais revolta.
Observe: Absalão era o terceiro filho de Davi; Amnom- o primogênito- estava morto e Quileade (II Sm 3:3), o segundo filho, era uma figura inexpressiva e que provavelmente já havia morrido, o que se depreende pela ausência de referências mais explícitas a ele na história familiar de Davi. Sendo assim, com a morte deste, Absalão seria o rei e, para Talmai, seu avô, isto se constituía num bom negócio.

1.3. Por fim, Davi transfere a responsabilidade para um assessor.
É Joabe quem tem que tramar a volta do filho para casa, porque o pai não fazia nada. Curioso e irônico, neste episódio, é que foi Joabe quem ajudou Absalão a voltar do exílio e a se aproximar do pai, como também foi Joabe quem o matou. Minha pergunta a você, em nome de Jesus, é: para quem é que você está transferindo a responsabilidade de administrar a alma de seus filhos? Para o avô?
Para o assessor? Para os filhos mais velhos? Para a Xuxa? Para a Angélica? Para a Escola Dominical? Para o pastor? Para quem?
Essa responsabilidade é intransferível. O filho é seu. A filha é sua. A alma deles vai ser cobrada de você. Escola, igreja, orientadores, atividades intelectuais e recreativas são recursos para a educação e a administração do tempo e do desenvolvimento da criança; mas, a responsabilidade é sua. De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a alma de seu filho? De que adianta ter um complexo industrial, realização profissional, “status”, mas ter uma filha desgraçadas ou um garoto arruinado em casa? Precisamos aprender a confrontar nossos filhos com a verdade.

2. Davi era capaz de vencer gigantes, mas não sabia confrontar os filhos, olhos nos olhos.

E dizer: ”Filho, o que é isso que estou vendo?! Você está sentindo uma atração sexual por sua irmã? É isso que eu estou percebendo, filho? Ou o que é isso, filho?! Você está com ódio no coração, querendo matar este seu irmão?! Você está sufocando, empanturrado de desejos malignos! O que é isto, filho”?
Porém, Davi não conseguia oportunizar tais diálogos, tais confrontações. Eu conheço muitos pais assim. Talvez você que me lê seja um pai assim. Sua esposa sabe que estou falando a verdade. E você mãe, que igulamente lê estas linhas, muitas vezes age de modo semelhante a este. E seus filhos sabem que o que vem sendo descrito até aqui é a Palavra de Deus para sua vida pai, para sua vida mãe, em nome de Jesus.
Creio que não haja pais ou mães cegos, no entanto, há pais e mães que não querem ver, que tem medo de encarar o filho e o problema, que tem medo de confrontar os filhos com a verdade, que tem medo de não saber como conduzir o problema, de como ajudar a solucionar. Eu não tenho receitas para soluções de problemas familiares, mas, em qualquer caso, a omissão não vai resolvê-los, o tempo não vai solucioná-los.
Ainda que você não saiba como agir, abra os braços e chore com seu filho, dobre os joelhos e ore por eles, diga que você se preocupa com ele e que jamais vai se omitir, que jamais vai se afastar dele e que jamais vai se conformar com a situação. Davi vencia gigantes, mas não sabia confrontar os filhos, olhos nos olhos:

2.1. Por quê? Talvez estivesse cansado demais.

Mas talvez, uma outra coisa: quem sabe, culpa? Aquele caso de Davi com Bate-Seba e a morte de seu marido Urias arruinaram-lhe a existência mais do que se pode imaginar. Ele pede perdão ao Senhor, e o Senhor o perdoa. Mas, talvez, Davi nunca tenha se perdoado. Não consigo entender como um homem como ele não consegue olhar nos olhos dos filhos! A não ser que no fundo do seu ser, de sua alma haja muita culpa. Possivelmente, o diabo, em seus ouvidos, dizia que ele, Davi, não tinha autoridade para repreender a Amnom. Não tinha autoridade para confrontar Absalão. Não tinha autoridade para falar nada, depois de tudo que fez. Certamente, Davi ouvia o Diabo dizer-lhe ao ouvido: “Como você vai falar contra o adultério e a cobiça com Amnom, se você fez as mesmas coisas? Como você vai falar de homicídio com Absalão, se você matou Urias, marido de Bate-Seba?”
Preste atenção a isso: há pessoas que, como você, já se converteram a l ano, há 5 anos, há 10 anos ou há 15 anos atrás. Quem sabe, há 20 anos ou há 50 anos atrás? Algumas como você, trazem consigo cargas pesadas de culpa passada. Algumas delas, como você talvez, já adulteraram, um dia tiveram amantes, um dia tiveram casos, um dia fizeram o que não deveriam ter feito, um dia deram exemplos terríveis para os de dentro de casa. Mas elas se converteram, tal com você. Você encontrou a Jesus. Você foi perdoado. Você foi lavado no sangue do Cordeiro de modo semelhante àquelas pessoas. Mas talvez o diabo continue lhe dizendo que você não tem autoridade para olhar nos olhos do seu filho, nos olhos da sua filha, nos olhos da sua mulher, nos olhos dos da sua casa, por causa de algum pecado cometido no passado. No entanto, quero lhe dizer, hoje, em nome de Jesus, não aceite essa mentira! Repito: não aceite essa mentira! Seja você, em nome de Jesus, capaz de dizer: “Olha, filho, eu pequei, eu adulterei, eu fiz, eu fui. Mas agora sou lavado no sangue do Cordeiro. E estou aqui, como um novo pai, como uma nova mãe, para lhe dizer que não é por ai o caminho! E eu não vou deixar você andar por esse caminho de morte, porque eu não quero lá na frente ficar dizendo como Davi: Abshalom, Abshalom, meu filho, Abshalom!”
Pastor Carlos Alberto Alves.

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